Fé e Razão

A primeira pessoa que ficou conhecida por defender a teoria do Big Bang foi um padre jesuíta chamado Georges Lemaitre (foto), em 1927. Na época, ele foi ridicularizado por ter proposto a teoria, pois a maioria dos físicos acreditava em um Universo estático. Edwin Hubble provaria, algum tempo depois, que o Universo na realidade se encontra mesmo em expansão, o que reforçou a ideia de um ponto inicial em que a matéria estaria muitíssimo concentrada.
Einstein chegou a alterar suas equações da Teoria da Relatividade Geral, para ajustá-las ao modelo de um Universo estático, o qual defendia. Porém, mais tarde, ele mesmo admitiria que este teria sido o maior erro de sua carreira. Quase à mesma época, Lemaitre tentou convencê-lo de que ele poderia estar enganado, ao que Einstein teria respondido:
“Seus cálculos são perfeitos, mas sua Física é abominável”.

Religiosos racionais
Se enumerássemos os cientistas religiosos que contribuíram para melhorar nossas visões de mundo, a lista não seria pequena. Johannes Kepler, por exemplo, acreditava que Deus seguiria um padrão geométrico perfeito, e assim perseguiu durante quase toda a sua vida um modelo de órbitas que, na sua visão, corresponderiam às medidas dos 5 sólidos perfeitos de Platão (figura).

“A geometria existia antes da criação.
É tão eterna como o pensamento de Deus.
A geometria deu a Deus um modelo para a criação.
A geometria é o próprio Deus”
Kepler (1571-1630)

Recomendo o episódio Harmonia dos Mundos da série Cosmos, de Carl Sagan, que mostra de forma brilhante esta história. (clique aqui para ver).

Acho que devemos agradecer a estes cientistas que não deixaram que a fé se sobrepusesse à razão, ao contrário de tantos que se opõem atualmente às teorias calcadas em fortes evidências científicas, como por exemplo, a Teoria da Evolução das Espécies, elaborada por Darwin.

Quando ainda somos crianças, certos ensinamentos são passados a nós através de situações metafóricas, lendas ou mitos, que esclarecem momentaneamente algumas dúvidas sobre o mundo em que vivemos, mas para que possamos obter um entendimento mais amplo será preciso um grande esforço de desprendimento das tradições e revelações, transmitidas por familiares ou por "autoridades". 
Cada um pode e deve acreditar no que quiser, ter a sua fé e sua religião, mas essas crenças não podem servir de impedimento para que a Ciência continue avançando no aprimoramento e entendimento do mundo, do Universo e de todos os fenômenos naturais.

3 comentários:

  1. É isso aí, professor...esses dias atrás eu estava matutando qual seria a melhor definição para "livre-pensador" (ou free thinker), e cheguei a conclusão de que podem ser denominadas assim as pessoas que não acorrentaram suas idéias e pensamentos aos ensinamentos recebidos de autoridades passadas, como professores, pais, padres, etc...São pessoas que como você muito bem colocou, conseguem crescer e abandonar antigos conceitos...e principalmente, conseguem enxergar que nao existem autoridades (e verdades) absolutas em nenhuma matéria...abraços.

    ResponderExcluir
  2. É estranho pensar nisso quando se acredita na religião, quando se tem fé é difícil pensar na razão, eu nunca tinha parado pra pensar em como precisaria ser grande um dilúvio para acabar com td, e salvar só os animais e um homem com uma mulher- foi isso?-, e em como essa história cai mau aos meus ouvidos hoje, realmente parece história que nos contam para adormecer-mos. será? "há metafísica bastante em não pensar em nada", é melhor eu parar por aqui, ... você é incrível... bj.

    ResponderExcluir
  3. Eu penso que as pessoas têm o direito de buscar livremente a melhor explicação que elas quiserem para qualquer coisa, sobre a origem do universo, origem das espécies, e assim por diante, desde que não se sintam obrigadas a acreditar em uma história qualquer, por exemplo, sobre dilúvios ou serpentes que falam, simplesmente porque alguns padres, bispos, pastores, professores, parentes, ou seja lá quem for, disseram a elas que deveriam acreditar.

    Infelizmente, quando ainda somos crianças, é fácil sermos enganados por um adulto, que estará sempre pronto a fazer-nos acreditar naquilo que alguém disse a eles quando eram crianças, mesmo que eles próprios tenham tido ou tenham desconfiança sobre alguma historinha que tentam insistentemente defender.

    Obrigado pela visita e pelo elogio, e continue pensando. Procure ler bastante, e ouvir e comparar as várias explicações para tudo que você desconfiar que não tem lógica para você.

    Abraço

    ResponderExcluir

Antes da publicação, os comentários serão analisados pelo autor do blog.