O custo real da carne

Somente as preocupações com a saúde não vão conseguir reduzir o crescente consumo de carne no mundo. Talvez as preocupações com o meio ambiente sejam mais convincentes.
Apenas poucas décadas atrás, uma refeição contendo carne era tida como um privilégio. Nos dias de hoje, a maioria de nós ocidentais come carne quase todos os dias, e muitos a consomem em todas as refeições. Até mesmo as pessoas provenientes de culturas, digamos, menos carnívoras, estão também mudando seus hábitos. Na China, por exemplo, comer carne tornou-se atualmente uma aspiração.

A produção de carne no mundo subiu de 78 milhões de toneladas por ano em 1963, para 308 milhões de toneladas em 2014.
Deixando de lado as questões em torno da moralidade de se comer animais, o problema é que o planeta não pode suportar esse crescente apetite. A área de pastagem de gado usada no mundo já corresponde a 26% das terras livres disponíveis para esta finalidade, e a indústria da carne é responsável por 15% de todas as emissões de gases do efeito estufa.
Ao longo de décadas, o preço da carne foi diminuindo devido às práticas agrícolas cada vez mais eficientes. Ao mesmo tempo que isso é bom para os consumidores, é ruim para o meio ambiente, em termos de poluição, resistência aos antibióticos, bem como para o clima - e, é claro, principalmente para os próprios animais sacrificados.

Seria viável aumentar o preço da carne para diminuir o consumo?
Os governos têm conseguido reduzir o consumo de álcool e tabaco através dessa prática, mas um "imposto penalizador" sobre a carne não teria uma justificativa tão contundente quanto à estabelecida para quem consome bebidas alcoólicas ou fuma. É claro que há muitas evidências sobre possíveis ligações entre altos níveis de consumo de carne, e a propensão em adquirir câncer e doenças cardíacas. Talvez, uma opção viável seria a de que os governos reduzissem os subsídios agrícolas que sustentam a produção da carne, mas poucos deles resistiriam à pressão contrária dos envolvidos no setor de negócios agropecuários, e até mesmo do próprio mercado consumidor.  

A Persuasão pode funcionar melhor do que a coerção. 
No Reino Unido e nos Estados Unidos, preocupações com a saúde já reduziram o consumo de carne vermelha e processada. Nas últimas orientações dietéticas emitidas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estão sendo abordados os efeitos sobre o meio ambiente, bem como à saúde. A indústria não vai gostar, mas o público pode achar interessante conhecer melhor os benefícios de adotar uma dieta baixa em carne e gorduras.

Fontes:
http://www.newscientist.com/article/mg22530052.900-the-world-pays-too-high-a-price-for-cheap-meat.html?utm_source=NSNS&utm_medium=SOC&utm_campaign=hoot&cmpid=SOC%257CNSNS%257C2014-GLOBAL-hoot#.VMadsv7F9PK

http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/producao-de-carne-bovina-tem-custo-ambiental-maior-do-que-frango-porco-13331946

A Teoria de Tudo - o filme

O filme A Teoria de Tudo é baseado na biografia de Stephen Hawking. O filme mostra como o jovem astrofísico, interpretado pelo ator Eddi Redmayne fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide, interpretada pela atriz Felicity Jones, e a descoberta de uma doença motora degenerativa, quando ele tinha apenas 21 anos.
O filme é repleto de cenas muito comoventes, mas em uma das últimas cenas, quando ele já se comunicava através de uma voz sintetizada por um computador, durante uma palestra, ele responde de maneira genial a uma pergunta vinda da plateia. Vou transcrevê-la aqui:

Pergunta: Prof. Hawking. O senhor declarou não acreditar em Deus. O senhor tem alguma filosofia de vida que o ajuda?

Resposta de Hawking: É claro que somos apenas primatas evoluídos, vivendo em um planeta pequeno que orbita uma estrela comum, localizada no subúrbio de uma de bilhões de galáxias, mas desde o começo da civilização as pessoas tentam entender a ordem fundamental do mundo.
Deve haver algo muito especial sobre os limites do universo, e o que pode ser mais especial do que não haver limites?
Não deve haver limites para o esforço humano.
Somos todos diferentes.
Por pior que a vida possa parecer, sempre há algo que podemos fazer em que podemos obter sucesso.
Enquanto houver vida, haverá esperança.

No final, a plateia o aplaude de pé pela resposta.

O significado das férias

Há sempre uma história interessante sobre o surgimento de alguns termos que usamos. Vejamos primeiramente a origem do termo férias. Fazendo uma pesquisa, encontrei uma explicação, através da qual podemos entender porque a língua portuguesa se diferenciou de outras, ao adotar o termo "feira" para dias da semana.
Quando ensino história da Astronomia, costumo informar aos alunos que pelo menos três línguas estrangeiras, a inglesa, a alemã, e a espanhola mantêm tradições de mais de 6.000 anos, quando se referem aos dias da semana. Em aproximadamente 4.000 a.C., os antigos Mesopotâmios resolveram dividir a semana em sete dias e atribuir a cada dia o nome de um dos astros conhecidos na época: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Sol e Lua. Daí surgiram, e preservaram-se, por exemplo, no inglês, Saturday (que corresponde ao Sábado, dia de Saturno), e Sunday (que corresponde ao Domingo, dia do Sol), no alemão, Sontag (que corresponde ao Domingo, dia do Sol), e Montag (que corresponde à Segunda-feira, dia da Lua), e no espanol, Miércules (que corresponde à Quarta-feira, dia de Mercúrio), e Lunes (que corresponde à Segunda-feira, dia da Lua). Na língua portuguesa, por questões religiosas, decidiu-se seguir os nomes usados para férias (feiras). Vejam o que a Wikipedia nos diz sobre o surgimento do termo férias:
Férias provém do latim 'feria, -ae', singular de 'feriae, -arum', que significava, entre os romanos, o dia em que não se trabalhava por prescrição religiosa.
A palavra latina encontra-se também na denominação dos dias da semana do calendário elaborado pelo imperador romano Constantino, no século III d.C., que os santificou com o nome de 'feria' e o sentido de comemoração religiosa: 'Prima feria, Secunda feria, Tertia feria, Quarta feria, Quinta feria, Sexta feria e Septima feria'. No século IV, ainda por influência da Igreja, 'prima feria' foi substituído por 'Dominicus dies' (dia do Senhor) e 'septima feria' transformou-se em 'sabbatu', dia em que os primeiros judeus cristãos se reuniam para orar. A língua portuguesa foi a única a manter a palavra 'feira' nos nomes dos dias de semana.
Hoje em dia, o direito das férias está diretamente ligado à saúde. O objetivo é proporcionar descanso ao trabalhador após um determinado período de atividades. As férias não podem ser suprimidas nem mesmo por vontade própria, devendo ser usufruído no mínimo 1/3 do período a cada ano.
Eis alguns fundamentos que norteiam os objetivos das férias: O fisiológico, relacionado ao cansaço do corpo e da mente; o econômico, no sentido de que o empregado descansado produz mais; o psicológico, que relaciona momentos de relaxamento com o equilíbrio mental; o cultural, segundo o qual o espírito do trabalhador, em momentos de descontração, está aberto a outras culturas; o político, como mecanismo de equilíbrio da relação entre empregador e trabalhador; e o social, que enfatiza o estreitamento familiar.

Um terço de Férias
O recebimento correspondente a 1/3 do salário é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988. Os trabalhadores recebem este dinheiro para usufruirem suas férias, melhorando os fundamentos que norteiam os objetivos citados anteriormente. Em resumo, aumentar a cultura, descansar o corpo e equilibrar a mente. Os professores de hoje em dia precisam deste descanso, pois durante o ano, o desgaste psicológico, físico e mental é muito grande.

Fontes:

Algoritmo pode definir sua personalidade a partir do que você curte no Facebook

Cuidado com a opção "curtir" do Facebook.
Um algoritmo de computador agora pode prever seu tipo de personalidade usando apenas as informações do que você curte no Facebook. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia e da Universidade de Cambridge usaram dados de um questionário preenchido por 86.000 pessoas que identificou seus "cinco grandes" traços de personalidade. Os resultados foram correlacionados com as suas atividades no Facebook.

Com base entre 100 e 150 "curtidas" do Facebook, o algoritmo da equipe seria capaz de determinar a personalidade de alguém com maior precisão do que fariam seus próprios amigos e familiares, e até mesmo maridos ou esposas.
A psicologista Youyou Wu da Universidade de Cambridge, diz que é surpreendente ver o que os computadores podem fazer, usando apenas uma peça de informação - o "Curtir".
David Funder, professor de psicologia, da Universidade da Califórnia, diz que a previsão feita pelo computador, considerando cinco tipos diferentes de personalidade é impressionante, mas indica apenas alguns componentes da personalidade. "Esta é uma maneira muito pouco abrangente de descrever a personalidade humana. É útil, mas não íntima", diz ele. "Realmente não compreende um entendimento com nível maior de profundidade."
O próprio trabalho de Funder, estudando a personalidade humana, usa mais de 100 dimensões, e não cinco. Ele ressalta que os seres humanos têm especificidades que os algoritmos de Wu e Michal Kosinski - co-autor de Wu em Stanford - não abrangem. Uma esposa que convive 10 anos com o marido vai conhecer o seu parceiro de forma que os computadores ainda estão longe de alcançar plenamente.
No entanto, a abordagem computacional de Kosinski e Wu, para entender a personalidade, poderia ser útil na contratação de empregados, ou na saúde e na educação, onde os testes de personalidade curtos já são utilizados.

Suas técnicas não se limitam ao Facebook, portanto, qualquer conjunto de dados que você gera - sites que você visita, ou as chamadas telefônicas feitas - poderiam ser agregados e analisados para descobrir exatamente quem você é.

O emprego certo vindo até você
Sua aptidão para um trabalho é um dos primeiros problemas que poderiam ser resolvidos. Em vez de as pessoas procurarem se candidatar a empregos específicos, a contratação poderia ser feita com a obtenção de um conjunto de dados, buscando o candidato certo para uma tarefa específica, diz Kosinski. "Em vez de ter um formato igual ao do século 18, com pessoas se recrutando, pleiteando emprego em uma fábrica, o emprego viria até você", diz ele. "Esta é a revolução."

O ideal é que cada pessoa tivesse o controle total de seus próprios dados e sobre os quais as empresas e organizações poderiam fazer perguntas sobre eles, mas Kosinski reconhece que o algoritmo pode ser utilizado de uma forma muito invasiva, através destes dados pessoais disponíveis. "Há um grande lado escuro nesta tecnologia", diz ele."Com um clique do botão que poderia ser aplicado a toda a população do mundo. Temos que ter certeza de que, em termos de política e tecnologia, vamos resolver essas questões corretamente", diz Kosinski.

Fonte:
http://www.newscientist.com/article/dn26781-what-you-like-on-facebook-gives-away-your-personality.html?utm_source=NSNS&utm_medium=SOC&utm_campaign=hoot&cmpid=SOC%257CNSNS%257C2014-GLOBAL-hoot#.VLUcMSvF9PJ

2015: ano do centenário da Teoria Geral da Relatividade

2015 é o ano do Centenário da Teoria Geral da Relatividade. As equações publicadas por Einstein em 1915 trouxeram a ideia de que a gravidade é uma propriedade do universo em que objetos massivos provocam curvaturas no Espaço-Tempo. No entanto, um século após, um dos conceitos relacionados à gravidade ainda continua desafiando os cientistas. As equações prevêem que os eventos cósmicos cataclísmicos deveriam enviar ondulações através do Espaço-Tempo, mas nenhum sinal delas foi captado até hoje. Pensa-se que estas ondulações podem ser provocadas pela colisão de estrelas, formação de buracos negros, ou terem sido geradas pela grande violência do Big BangEsta previsão da teoria continua sendo a única que ainda não pôde ser confirmada na prática.
Este ano haverá dois projetos destinados a tentar fazer esta comprovação:

1- A retomada de experiências de ondas gravitacionais no LIGO (sigla, em inglês, de Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser);
2- O lançamento de um veículo espacial da missão LISA Pathfinder que irá testar uma nova tecnologia para a captura destas ondas no espaço.

Vamos entender um pouco mais sobre estes dois projetos:
1- LIGO (Laser Interferometer Gravitacional-wave Observatory)
Imagem aérea de dois braços do LIGO
O observatório, cujos trabalhos serão retomados este ano, tem como missão principal detectar ondas gravitacionais de origem cósmica. Na época da publicação da Teoria Geral da Relatividade, em 1915, a tecnologia necessária à detecção destas ondas ainda não existia. Pelos anos de 1970, alguns cientistas demonstraram a possibilidade de utilizar interferômetros laser para medir as ondas gravitacionais, e finalmente em 1992 o projeto foi fundado, começando a operar em 2002. Infelizmente, em 2010, teve seu funcionamento interrompido, devido à perda de investidores.
O LIGO opera dois observatórios em sincronia, um em Louisiana, e outro perto de Richland, Washington. Estes locais estão separados por 3002 km, distância que corresponde a 10 ms (milissegundos) na chegada da onda, o que, em tese, permitiria a triangulação para que se pudesse descobrir a origem dela no espaço.
No retorno do observatório, em 2015, ele foi renomeado de AdLIGO (Advanced LIGO),  pois contará agora com dez vezes a sensibilidade do observatório original. Na verdade, como foi o caso da caça ao Bóson de Higgs, no CERN, uma não detecção de ondas gravitacionais pelo AdLIGO representaria um resultado muito estranho para a Física.
2- LISA Pathfinder
Uma sonda espacial (imagem acima), desenvolvida em parceria com a ESA e a NASA, será lançada em Julho de 2015, da Base de Korou, na Guiana Francesa. A missão vai testar tecnologias necessárias para o Laser Interferometer Space Antenna (LISA), um observatório espacial de ondas gravitacionais. A sonda fará uma viagem para o L1 Lagrange,  ponto entre a Terra e o Sol, e irá  com isso pavimentar o caminho para a montagem de uma plataforma espacial, com uma série de três naves que serão lançadas a partir de 2030. Esta plataforma terá objetivos semelhantes aos do observatório LIGO, com vantagens maiores que não poderiam ser obtidas daqui da superfície da Terra.

Relatividade e Quântica: enfim juntas?
Poderemos ver também, ainda este ano, um progresso na maior questão de todas, que também ainda não foi resolvida - a incompatibilidade entre a Relatividade e a Teoria Quântica. Na escala atômica, a gravidade é tão fraca que rotineiramente costuma-se ignorá-la. Entretanto, atualmente alguns questionamentos parecem indicar que estávamos errados em desconsiderá-la neste caso. Na verdade, há fortes indícios de que a gravidade pode desempenhar um papel crucial no mundo quântico. Pode ser o ingrediente secreto da realidade. Nós não vamos obter respostas completas neste ano, mas o maior quebra-cabeça restante da relatividade parece, até que enfim, estar a caminho de ser resolvido, facilitando a formulação daquela que seria a Teoria de Tudo.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/LIGO
http://www.universetoday.com/117720/10-space-science-stories-to-watch-in-2015/
http://www.newscientist.com/article/mg22530022.000-after-a-century-of-relativity-a-new-view-of-gravity.html?cmpid=RSS|NSNS|2012-GLOBAL|physics-math#.VKf3vCvF9PJ