O uso de celulares pode provocar câncer?

Uma dúvida comum que as pessoas têm a respeito do uso dos celulares é se as radiações emitidas podem prejudicar de alguma forma o nosso organismo. Vejamos o que a Física nos diz a respeito dos tipos de radiações existentes e seus efeitos.

Radiação ionizante e Radiação não ionizante
Os raios infravermelhos, ultravioletas e a luz emitida pelo sol são exemplos de ondas eletromagnéticas. Quando a frequência das ondas é muito alta, as radiações são chamadas ionizantes, como é o caso dos raios X, ou raios gama, e seus efeitos adversos já são bem conhecidos. Acontece que as radiações dos celulares possuem frequências bem menores, mais próximas das microondas, e são classificadas como não ionizantes. Veja na figura, o espectro eletromagnético mostrando alguns tipos de ondas e suas frequências.
A frequência dos celulares no espectro eletromagnético
Um efeito possível da radiação não ionizante é o aquecimento, como fazem as microondas e também algumas faixas de freqüências do infravermelho, mas o que se sabe é que as microondas usadas nos celulares são de baixíssima potência, e na verdade só podem provocar aumento de temperatura nas células do nosso corpo, em apenas alguns décimos de graus Celcius. Assim, poderíamos concluir que dificilmente estas ondas seriam prejudiciais, desde que a exposição a elas não fosse muito prolongada.

Níveis de radiação
A Anatel estabelece uma Taxa de Absorção Específica, ou Specific Absorption Rate (SAR), que indica o nível máximo permitido de radiação dos celulares. Ela é fixada a partir do que é considerado como limite seguro para o aquecimento que as células do corpo suportam, ao entrar em contato com a radiação emitida pelos aparelhos. No Brasil, a taxa máxima permitida é de 2 W/kg. O índice de seu celular pode ser encontrado no manual ou site do fabricante.

A Mais Completa Pesquisa
A pesquisa considerada mais completa feita até hoje foi um trabalho da OMS (Organização Mundial da Saúde), intitulado Interphone. O estudo reforça a opinião de que não há risco de aumento na incidência de tumores cerebrais em pessoas que usaram celulares por até 10 anos seguidos, mas reconhece que são necessárias pesquisas mais completas. Alguns cientistas contestaram os resultados.
De fato, temos que reconhecer que a pesquisa perde um pouco da credibilidade a partir do momento em que parte dela teria sido financiada justamente por empresas de telefonia móvel, que provavelmente não estariam interessadas em um parecer desfavorável. Outra falha apontada na pesquisa é que ela não considerou o efeito em crianças e adolescentes, que seria bem maior do que nos adultos, pelo motivo de que principalmente nestas faixas de idade ainda é alta a taxa de crescimento das células que formam os tecidos cerebrais, e este fato é reconhecidamente associado a uma maior vulnerabilidade destas células, notadamente no que diz respeito às radiações.
Haveria portanto a necessidade de melhores estudos dos possíveis efeitos em crianças e adolescentes, que hoje em dia representam uma grande porcentagem do número de pessoas que se utilizam dos telefones móveis. Estão previstas outras pesquisas neste sentido.

Minha conclusão pessoal
Depois de ler muito sobre o assunto, cheguei à conclusão de que realmente não podemos falar em certezas, já que nem mesmo os melhores pesquisadores não chegaram a um consenso, e pelo que vi, ainda estão longe disto. No entanto, penso que seria prudente, por enquanto, por precaução, desaconselharmos o uso abusivo destes aparelhos, principalmente pelas crianças.

Fontes:

As queimadas de cana e os satélites

Uma notícia recente, veiculada pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelou que pela primeira vez desde 2006, quando se iniciou o monitoramento por satélites, mais da metade do corte de cana-de-açúcar na região de Campinas já está sendo feita mecanicamente, sem a necessidade das queimadas (foto).
Quem, como eu, já mora há um bom tempo aqui em Piracicaba, cidade bem próxima à Campinas, sabe como os famosos “cisquinhos de cana” que caem do céu nas épocas das queimadas são motivo de muito desgosto, principalmente das donas de casa, que logo após terem limpado os quintais ou lavado e pendurado as roupas no varal, vêem seus trabalhos prejudicados por estas pequenas e numerosas fuligens, que levadas à altura pelo ar quente durante as queimadas, são transportadas pelo vento às áreas urbanas, onde se precipitam em grandes quantidades. Quanto aos danos causados ao meio ambiente, como a morte de uma grande variedade de animais silvestres, que não conseguem escapar a tempo dos canaviais, o empobrecimento do solo, e o agravamento do efeito estufa, creio que não preciso nem detalhar aqui.
A fiscalização contra as queimadas seria muito difícil de ser feita somente por equipes no solo, dada à grande extensão e aos numerosos pontos de áreas de cultivo de cana no estado de São Paulo, que contribui com 60% de toda a safra do país. Assim é que se tornaram imprescindíveis as imagens dos satélites que monitoram as áreas de produção de cana e traçam um mapa dos focos das queimadas. Um destes satélites é o CBERS-2B, desenvolvido 30% pelo Brasil e 70% pela China, e que foi colocado em órbita em 2007, por um foguete chinês, da base de lançamento de Taiwan, apesar de o Brasil dispor de uma das bases de lançamento mais bem posicionadas do mundo, a Base de Alcântara no Maranhão.
Como se pode ver na figura, nossa base de lançamento (ponto vermelho do mapa), está localizada bem próxima da Linha do Equador, mas ainda não está capacitada para lançamentos de foguetes de grande porte.
Posição privilegiada
Veja na figura que montei, fazendo uma comparação entre o principal ponto de lançamento de foguetes dentro do território dos Estados Unidos, que fica em Cabo Canaveral, na Flórida, e o ponto de lançamento de Alcântara, no Brasil.
Como todos nós sabemos, a Terra gasta 24 horas para dar uma volta em torno de si mesma. Assim, é fácil perceber que um ponto localizado na linha do Equador, como o da base brasileira, por percorrer uma distância (circunferência correspondente à linha verde no mapa) maior que um ponto localizado na Flórida, deve se deslocar a uma velocidade maior, para que complete a volta ao mesmo tempo. Por causa disto, os foguetes, ao serem lançados próximos à Linha do Equador, já saem com um ganho de velocidade, além da provocada pela propulsão própria. Com isso pode haver uma economia de até 30% nos gastos com combustíveis, o que representa uma vantagem enorme.
Além disso, a Base de Alcântara está localizada em uma área de baixa densidade populacional, à beira do Oceano Atlântico. Esta proximidade com o mar favorece o lançamento de foguetes de grande porte, que necessitam de vários estágios desprendidos durante o lançamento e que podem então cair no mar, sem que se corra um risco considerável de algum eventual acidente, o que não é possível evitar em outras bases do mundo.

Apesar do nosso país só ter amargado até agora algumas tentativas fracassadas de viabilização de um Veículo Lançador de Satélites (VLS), e também de um grave acidente, como o de 2003, matando 21 técnicos, o Brasil precisaria investir mais nos programas espaciais, pois necessitará em um breve futuro, reduzir a forte dependência tecnológica em relação aos outros países bem mais avançados nesta área. Por enquanto, fazemos algumas parcerias, como por exemplo com a Ucrânia, para que seja lançado em Alcântara, o foguete da série Ciclone, e o acordo de cooperação com a China, também inclui o desenvolvimento de mais um satélite de rastreamento, o CBERS-3, que aumentará para 50% a participação do Brasil em relação aos 30% do CBERS-2B. No entanto, o lançamento do CBERS-3 está previsto somente para outubro de 2011.

Na minha opinião, o nosso governo deveria aumentar os esforços para que pudéssemos, em um espaço menor de tempo possível, melhorar o monitoramento do nosso vasto território, com desenvolvimento de recursos próprios, atraindo um grupo de cientistas, engenheiros, técnicos e estudantes brasileiros que se sintam valorizados no nosso próprio país.