Giordano Bruno e a nova série Cosmos


No primeiro episódio da nova série Cosmos faz-se referência ao frade dominicano italiano Giordano Bruno (figura), teólogo, filósofo, e escritor, que nasceu em 1548. Giordano aparece em um mosteiro, lendo escondido uma famosa obra escrita por Lucrécio, um poeta e filósofo latino que viveu no século I a. C.  O título da obra de Lucrécio é De Rerun Natura, traduzida para o Português como Sobre a Natureza das Coisas. Durante a Idade Média ela havia sido incluída na lista de leituras proibidas pela Inquisição.

Naquela época, no modelo de universo aceito pela Igreja, as estrelas ficavam situadas em uma região periférica, uma espécie de "pano de fundo" de uma esfera imaginária, no limite do atingível, definindo portanto um universo finito, e com a Terra ocupando o seu centro.
Para Giordano, nós não poderíamos estar enclausurados em um espaço tão limitado. O universo, para ele, seria muito mais do que defendiam aquelas pessoas presas por dogmas impostos por uma poderosa e ameaçadora instituição religiosa. Ele defendia veementemente a ideia de um universo infinito, e este foi apenas um dos vários embates que travou com a Inquisição. Vejam, por exemplo, algumas das polêmicas frases de seus livros:

"Nós declaramos esse espaço infinito, dado que não há qualquer razão, conveniência, possibilidade, sentido ou natureza que lhe trace um limite."     ( Acerca do Infinito, o Universo e os Mundos 1584)


"O mundo é infinito porque Deus é infinito. Como acreditar que Deus, ser infinito, possa ter se limitado a si mesmo criando um mundo fechado e limitado?"  (Causa, Princípio, e Unidade - 1584)

"Não é fora de nós que devemos procurar a divindade, pois que ela está do nosso lado, ou melhor, em nosso foro interior, mais intimamente em nós do que estamos em nós mesmos."    (A ceia de Cinzas)


Na cena animada do seriado, no momento em que Giordano está lendo a obra de Lucrécio, em um lugar escondido dentro do mosteiro, ele é surpreendido por um cardeal acompanhado de outros monges que, vendo o que ele lia, o expulsam imediatamente de lá.
Na cena seguinte, sozinho em uma floresta, Giordano adormece e provavelmente influenciado pelas lembranças de suas leituras, começa a sonhar, imaginando a possibilidade de descobrir novos mundos, além dos limites definidos pelas ideias conservadoras da época.


Mais tarde, perseguido, Giordano Bruno foi preso, julgado, e condenado à morte pela Inquisição romana, tendo sido queimado vivo em uma fogueira, em 17 de fevereiro de 1600. Para que sua voz fosse calada no ato da execução, colocaram-lhe na boca um pedaço de madeira.


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